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Mensagem do Diretor Geral do Colégio das Caldinhas

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A integridade é um valor sem variações.
 
Caríssima Comunidade Educativa,
 
As minhas cordiais saudações.
 
O facto do jornal Público ter publicado hoje uma notícia sobre o Colégio das Caldinhas é, para mim, enquanto Diretor Geral do Colégio, na maior das estupefações, uma excelente oportunidade, apesar de todo o incómodo, para vos escrever esta mensagem e oferecer-vos algumas considerações que julgo pertinentes: 
 
1. O Colégio é um projeto maior que os seus protagonistas.
 
Em Abril de 2019, fui enviado pelo P. Provincial, P. José Frazão sj, para o Colégio das Caldinhas para exercer o cargo de Diretor Geral, segundo o que é próprio da Companhia de Jesus, em total e leal obediência.
 
Vim para o Colégio num momento de particular tensão e na sequência de um conjunto de acontecimentos difíceis de qualificar que visavam, direta e indiretamente, pôr em causa a autoridade do Padre Provincial de Portugal e, em particular, dos que, por missão, tinham sido por ele destinados, logo legitimados, à direção do Colégio e dos seus Institutos. Segundo os timings da Companhia e a legítima autoridade de quem a governa os protagonistas mudam. O Colégio não é de quem, em cada momento, é enviado a cumprir uma missão. O Colégio é da Companhia; Em rigor, na Companhia de Jesus, nenhum jesuíta se pertence só a si próprio; ele mesmo é da Companhia. Deve estar pronto a chegar, a ficar, a partir.
 
O dissenso que aqui aconteceu atingiu um tal grau de violência que, em caso nenhum, a Companhia poderia aceitar. Ainda hoje tenho dificuldades em perceber como foi possível chegar a tal abismo ou entender as razões pelas quais, alguns, se deixaram arrastar por esta onda.
 
Vim como Diretor para integrar a equipa de Jesuítas que já cá estava e que se reforçou ainda mais com a chegada de outros companheiros. É em equipa, na partilha das decisões e em estreita colaboração com os meus irmãos jesuítas que quero governar o colégio. Vim para governar “discretamente” e recentrar as energias perdidas nas tempestades dispersas na matriz do nosso projeto educativo; vim para continuar um trabalho de corresponsabilidade onde o papel de cada um, jesuítas e leigos, não se confunde nem se substitui; vim com um profundo respeito por todos os que me precederam e conheci, do P. José Carvalhais sj até ao P. Filipe Martins sj; vim para liderar um processo de paz, desejando ser luz e sal, a partir da verdade. Sei que é um trabalho árduo, que depende de todos, e não posso estar senão agradecido, mesmo sabendo que ainda temos tanto caminho para percorrer. A esperança a que somos chamados não é vã. O amor tudo limpa, tudo renova. Graças a todos, gradualmente, hoje o colégio é já outro.
 
2. O Colégio das Caldinhas está bem e recomenda-se.
 
O Colégio vive em paz e normalidade. Cada escola, cada educador, cada departamento ou gabinete contribui para que, mesmo nas circunstâncias em que todos atualmente vivemos, tudo esteja a ser feito com o máximo rigor e segurança garantindo aos nossos alunos a continuidade tranquila dos seus estudos. Todos partilhamos um sentido apurado de corresponsabilidade e não escondemos a alegria por trabalhar nesta casa. Há um sentido de família e de pertença que nos distingue. Claro que há sempre dificuldades para ultrapassar e questões a resolver, próprias de uma instituição como a nossa mas tudo se resolve com fé, determinação e bom senso. Por isso, ofende o colégio e está equivocado quem diz que aqui se vive num clima de medo. A alegria contagiante dos nossos alunos, crianças e jovens, que pelas 8h30 da manhã chegam ao colégio com vontade de aprender e se entregam com total confiança aos nossos educadores são uma imagem tão bela e tão forte que dissipa as dúvidas e suspeitas sobre o seu e o nosso estado de alma.
 
3. O Colégio goza da confiança das famílias e das instituições.
 
A confiança e a liberdade das famílias que escolheram, muitas vezes com grandes sacrifícios, o Colégio das Caldinhas para educar os seus filhos, entre tantas e boas possibilidades desta região é, para mim, um sinal da credibilidade do nosso projeto educativo e do nosso modo de educar. Nós somos a vossa preferência e o fato de tantos e cada vez em maior número nos procurarem e fazerem crescer o colégio, como aconteceu neste novo ano que ainda recentemente começou, enche-nos de esperança e mobiliza-nos para colocar o nosso melhor ao serviço das famílias e dos seus filhos.
 
O Colégio goza igualmente de uma notável integração na vida social na região em que se encontra assim como cultiva a melhor das relações pessoais e institucionais com as Autarquias, Juntas de Freguesias, Paróquias, Associações Locais, Empresas e outras Escolas públicas e privadas da região.
 
4. Os Educadores do Colégio são pessoas de confiança.
 
O Colégio para além da Comunidade dos Jesuítas conta, como saberão, com um conjunto de 250 educadores que como colaboradores da missão da Companhia nas Caldinhas servem as suas escolas e os seus alunos. Os educadores são dignos da minha confiança e da confiança da Companhia. Eu sei que não peço pouco a cada um e creio, que todos sabem, que me obrigo a exigir de mim mesmo o que, justamente me atrevo a suscitar e esperar de cada um. Sinto-me agradecido por tudo o que temos construído em comum mas nunca deixarei que ninguém se instale e se feche apenas no que já é, por muito que seja. No colégio, cada educador, é para mim, muito mais do que um professor. É um formador. Um formador é uma testemunha, um sinal vivo dos objetivos do colégio, uma incarnação do seu projeto educativo: é o que fala, vive o que propõe. Educar é a sua forma de amar e de servir.
 
Neste contexto, é para mim alucinante imaginar que pode haver no colégio algum educador, um que fosse, que tenha outros objectivos que não os da missão da Companhia e que põe os seus próprios interesses acima ou fora das convicções humanas e espirituais que nos mobilizam. Se é preciso separar o trigo do joio, mesmo que o joio mereça respeito e compaixão, é próprio do bom espirito inaciano não nos deixarmos aprisionar na razão de ninguém, movidos por laços e amizades compreensíveis mas condicionados, talvez mesmo cegos, por afeições que se tornaram desordenadas e que não permitem distinguir as melhores pessoas das suas possíveis más ações.
 
Não quero nem posso julgar ninguém, nem tomar, nesta contenda, a mínima parte pelo todo dos educadores, mas também do mesmo modo seria insuportável para mim não manifestar a minha indignação por ver o nome de um companheiro jesuíta e membro da Direção deste Colégio ser “condenado” em praça pública.
 
Quem assim hoje fala e age, sabendo que a senhora jornalista foi fiel à informação que recolheu deve pensar que, em coerência com os processos jurídicos que estão ou estarão a decorrer, se está a separar desta casa, do seu modo de agir e de pensar, tal é o dissenso entre as suas atitudes e o fins que caraterizam um colégio da Companhia de Jesus. É o mínimo da decência e da justiça.
 
5. O Colégio é uma obra apostólica da Companhia de Jesus.
 
De há 500 anos a esta parte, os jesuítas dedicam-se à obra da educação de crianças e de jovens. A Companhia de Jesus inventou um modo próprio de ensinar e através do seu projeto educativo, foi ao longo dos séculos, educando gerações capazes de servir e transformar o mundo. Atualmente a Companhia de Jesus, para além de um grupo considerável de jesuítas conta com muitos colaboradores leigos para realizar esta missão. Assim sucede no Colégio das Caldinhas.
 
É à Companhia de Jesus e só à Companhia de Jesus que compete o governo, a orientação e a gestão de cada uma das suas obras e a nenhum dos seus colaboradores. Em nenhuma instituição do mundo é aceitável a usurpação de competências e a desobediência explícita, a apropriação da autoridade e da legitimidade, aduzida de um preconceito imperdoável em relação aos sacerdotes da Companhia, condicionando-os no exercício do seu governo e da sua propriedade, limitando-os apenas a uma função espiritual, como se o Colégio, na prática da sua gestão e governo não fosse da Companhia de Jesus. Na divergência deste entendimento estão todos os conflitos, laborais, afetivos, pessoais que me parecem estar na génese desta notícia.
 
O facto da Companhia de Jesus se querer assinalar pela prática da caridade e procurar ser exímia no cuidado com cada um, por desejar estar no mundo com o máximo de humildade, não a obriga a ter que suportar todos os abusos e ofensas pessoais e institucionais, sem a defesa legítima da sua integridade e verdade, assim como a de governar o colégio sem poder esperar e exigir a cada um o que legal e moralmente lhe é devido.
 
Continuaremos serenamente a construir, em cada dia, o nosso Colégio, mantendo-nos fiéis aos princípios de integridade e fidelidade para com a Companhia de Jesus, o Estado, a Igreja e particularmente para com toda a comunidade educativa que se orgulha de ser inaciana.
 
Não saberei nem poderei continuar esta missão sem a vossa ajuda.
Longa vida ao colégio.
 
P. Carlos Carneiro SJ  

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Actualizado em Quarta, 28 Outubro 2020 15:22  

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